Estava a contar com um romance banal, sem grande expectativa. Mas fiquei surpreendida. Ainda que não seja uma obra-prima, a autora conseguiu agradar-me de diversas formas: não posso esconder que me agradaram as referências a Portugal, sempre relacionadas com uma parte fulcral da história; depois, há personagens que não declaradamente óbvias e que nos permitem ter algumas incertezas quanto às suas boas intenções; por último, a autora conseguiu ainda introduzir um pouco de suspense, o que é sempre benvindo.
Neville, Conde de Kilbourne, encontra-se em missão em Portugal quando o seu sargento morre e uma promessa inesperada é feita. Para lhe proteger a filha, Neville promete casar com ela e zelar pela sua segurança. Mas numa emboscada, Lily é morta e ele, que julga a sua esposa morta, regressa a Inglaterra para assumir o seu dever, após a morte do pai.
Dois anos volvidos, na igreja que unirá o destino de Neville e Lauren, Lily reaparece e o mundo pára. Apesar de ter uma noiva que preencherá todos os requisitos da sogra e de toda a sociedade inglesa, o coração de Neville sempre pertenceu a Lily.
As diferenças não poderiam ser maiores e estão expostas aos olhos de todos. Apesar dos esforços de todos, quando se confirma que o casamento que ocorreu não tem validade, Lily não hesita em deixar o seu amado.
Nessa fase, entramos num novo ponto da história: a tia de Neville, Elizabeth, leva Lily para Londres como sua acompanhante e vai ensinar-lhe tudo o que precisa de saber para ser uma dama. A nossa heroína vai percorrer um bonito caminho, de crescimento, autoconhecimento e reencontro consigo mesma. Porque nesta fase, ela já não sabe quem é ou quem quer ser. E a resposta será uma que ela nunca poderia imaginar. Achei esta parte da história muito interessante.
O leitor é compensado com várias e agradáveis surpresas que tornam este romance bastante apetecível. Apesar de algumas personagens não terem grande significado na história, o enredo é cativante e o leitor é obrigado a manter a leitura constante. Afinal, Lily vai querer descobrir o que continha a mochila do pai, que ela julgava perdida e foi agora descoberta por Neville; vai perceber que existe um medalhão igual ao seu, que usa desde sempre, e que pertence a alguém que ela nunca concebeu; vai conhecer família que julgava não ter.
A autora encheu a nossa heroína de magia, que sonha com o amor da sua vida, mas também sonha em se encontrar, em ser alguém, em ter objectivos e em traçar um caminho para percorrer.
A autora conseguiu encantar-me com toda a história, repleta de belas descrições e com um final mágico e inesquecível.
No primeiro livro, gostei muitos das personagens de Edie e de Frances, a mãe de Janet. Gostaria que a vida de Edie tivesse sido mais explorada neste livro e, consequentement e, a sua vida familiar. No entanto, o protagonismo foi para Greta, filha da amiga de Edie, Ruby, e em segundo plano, para o filho de Edie.
Ainda assim, é uma história maravilhosa. Greta é uma personagem fantástica, mais forte do que ela própria se julga, não deixando de lutar perante as adversidades que a vida lhe vai trazendo.
Greta trabalha na Cadbury, tal como a mãe e as amigas desta, e tenta não pensar demasiado na vida triste que leva. A mãe colecciona namorados, a irmã regressa a casa com um filho pequeno e outro na barriga. A própria Greta sofre uma desilusão de amor e acaba por casar, para ganhar a independência que tanto anseia e fugir daquela confusão. Mas isso não é razão para casar e, mais cedo do que pensa, a sua vida vai dar uma grande reviravolta. Grávida e sem ninguém para a ajudar, Greta sente toda a solidão e tristeza em cima dos ombros. Acaba por ser ajudada por Edie e o marido Anatoli, que lhe dão guarida até as coisas acalmarem. Greta não esperava esta bênção e vai descobrir que a vida também pode trazer novas oportunidades e, finalmente, vai descobrir o que é ter o amor e o carinho de uma família.
No entanto, nem tudo é fácil e esta “família” vai ter vários dramas para ultrapassar. A doença de Anatoli, a vida conturbada do filho de Edie, futuro médico, que vive numa Jerusalém em guerra e que, após viver uma tragédia, decide voltar a Inglaterra com a esposa. Mas os traumas por que passaram, demoram a cicatrizar e nem todos temos a capacidade de seguir em frente.
É uma história comovente e enriquecedora. Não tem floreados, mas sim os problemas e as vivências reais, que todos enfrentamos e com que temos de lidar: a perda, o amor, as dúvidas e indecisões, o apoio familiar e a falta dele, os sentimentos contraditórios que desejamos não sentir, mas que são impossíveis de ignorar.
Uma leitura que recomendo e que lhe dará certamente momentos agradáveis, para relembrar momentos e para pensar nas suas próprias vivências.